29 de maio de 2010


Se eu tivesse um bar ele teria seu nome; 
Se eu tivesse um barco ele teria seu nome, 
Se eu comprasse uma égua daria a ela seu nome; 
Minha cadela imaginária tem o seu nome; 
Se eu enlouquecer passarei as tardes repetindo seu nome; 
Se eu morrer velhinho, no suspiro final balbuciarei o seu nome; 
Se for assassinado com a boca cheia de sangue gritarei o seu nome; 
Se encontrarem o meu corpo boiando no mar, no meu bolso haverá um bilhete com o seu nome; 
Se eu me suicidar, ao puxar o gatilho pensarei no seu nome; 
A primeira garota que beijei tinha o seu nome; 
Na sétima série eu tinha duas amigas com o seu nome; 
Antes de você tive três namoradas com o seu nome; 
Na rua há mulheres que parecem ter o seu nome; 
Na locadora que freqüento tem uma moça com o seu nome; 
Às vezes as nuvens quase formam o seu nome; 
Olhando as estrelas eu sempre consigo desenhar o seu nome; 
O ultimo verso do famoso poema de Eloá poderia muito bem ser o seu nome; 
Apolineris escreveu poemas a lua porque na loucura da guerra não conseguia lembrar o seu nome; 
Não entendo porque Chico Buarque não compôs uma música para o seu nome; 
Se eu Fosse um travesti usaria o seu nome; 
Se um dia eu mudar de sexo adotarei o seu nome; 
Minha mãe me contou que se eu tivesse nascido menina teria o seu nome; 
Se eu tiver uma filha ela terá o seu nome; 
Minha senha do email já foi o seu nome; Minha senha do banco é uma variação do seu nome; 
Tenho pena dos seus filhos porque em geral dizem mãe ao invés do seu nome; 
Tenho pena dos seus pais porque em geral dizem filha ao invés do seu nome; 
Tenho muita pena dos seus ex-maridos porque associam o termo ex-mulher ao seu nome; 
Tenho inveja do Oficial de Registro que datilografou pela primeira vez o seu nome; 
Quando fico bêbado falo muito o seu nome; 
Quando estou sóbrio me controlo para não falar demais o seu nome;
É difícil falar de você sem mencionar o seu nome; 
Uma vez sonhei que tudo no mundo tinha o seu nome; 
Coelho tinha o seu nome, xícara tinha o seu nome, teleférico tinha o seu nome; 
No índice aromático da minha biografia, haverá milhares de ocorrências do seu nome; 
Na falta de corda para onde olha o luthier se não para o infinito do seu nome; 
Algumas professoras da USP seriam menos amargas se tivessem o seu nome; 
Detesto o trabalho porque me impede de concentrar no seu nome; 
Cabala é uma palavra linda, mas não chega aos pés do seu nome; 
No cabo da minha bengala gravarei o seu nome; 
Não posso ser Niilista enquanto existir o seu nome; 
Não posso ser Anarquista sem suplicar a declaração do seu nome; 
Não posso ser Comunista se tiver que compartilhar o seu nome; 
Não posso ser Fascista se não quero impor a outros o seu nome; 
Não posso ser capitalista se não desejo nada alem do seu nome; 
Quando eu saí da casa dos meus pais fui atrás do seu nome; 
Morei três anos num bairro que tinha o seu nome; 
Espero nunca deixar de te amar para não esquecer o seu nome; 
Espero que você nunca me deixe para eu não ser obrigado a esquecer o seu nome; 
Espero nunca te odiar para não ter que odiar o seu nome; 
Espero que você nunca me odeie para eu não ficar arrasado ao ouvir o seu nome; 
A literatura não me interessa tanto quanto o seu nome; 
Quando a poesia é boa é como o seu nome; 
Quando a poesia é ruim tem algo do seu nome; 
Estou cansado da vida, mas isso não tem nada a ver com o seu nome; 
Estou escrevendo o 58º verso sobre o seu nome; 
Talvez eu não seja um poeta a altura do seu nome; 
Por via das duvidas vou acabar o poema sem dizer explicitamente o seu nome."



28 de maio de 2010

  • Adeus: É quando o coração que parte deixa a metade com quem fica. 


  • Amigo: É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta. 


  • Amor ao próximo: É quando o estranho passa a ser amigo que ainda não abraçamos. 


  • Caridade: É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e reparte. 

  • Carinho: É quando a gente não encontra nenhuma palavra para expressar o que sente e fala com as mãos, colocando o fago em caca dedo. 

  • Ciúme: É quando o coração fica apertado porque confia em si mesmo. 

  • Cordialidade: É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da maneira que o tratamos. 

  • Doutrinação: É quando a gente conserva o espírito colocando o coração em cada palavra. 

  • Entendimento: É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente e a gente estando apressado não reclama. 

  • Evangelho: É um livro que só se lê bem com o coração. 

  • Evolução: É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás. 

  • Fé: É quando a gente diz que vai escalar um everest e o coração já o considera feito. 

  • Filhos: É quando deus entrega a jóia em nossa mão e recomenda cuidá-la. 

  • Fome: É quando o estômago manda um pedido para a boca e ela silencia. 

  • Inimizade: É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante. 

  • Inveja: É quando a gente ainda não descobriu que pode ser mais e melhor do que o outro. 

  • Lealdade: É quando a gente prefere morrer que trair a quem ama. 

  • Lágrima: É quando o coração pede aos olhos que falem por ele. 

  • Mágoa: É um espinho que a gente coloca no coração e se esquece de retirar. 

  • Maldade: É quando arrancamos as asas do anjo que deveríamos ser. 

  • Mediunidade de Jesus: É quando a gente serve de instrumento em uma comunidade mediúnica e a música tocada parece em noturno de chopin. 

  • Morte: Quer dizer viagem, transferência ou qualquer coisa com cheiro de eternidade. 

  • Netos: É quando deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los. 

  • Obsessor: É quando o espírito adoece, manda embora e compaixão e convida a vingança para morar com ela. 

  • Ódio: É quando plantamos trigo o ano todo e estando os pendões maduros a gente queima tudo em um dia. 

  • Orgulho: é quando a gente é uma formiga e quer convencer os outros de que é um elefante. 

  • Paz: É o prêmio de quem cumpre o dever. 

  • Perdão: é uma alegria que a gente se dá e que pensava que jamais a teria. 

  • Perfume: É quando mesmo de olhos fechados a gente reconhece quem nos faz feliz. 

  • Pessimismo: É quando a gente perde a capacidade de ver em cores. 

  • Preguiça: É quando entra vírus na coragem e ela adoece. 

  • Raiva: É quando colocamos uma muralha no caminho da paz. 

  • Reencarnação: É quando a gente volta para o corpo, esquecido do que faz, para se lembrar do que ainda não fez. 

  • Saudade: É estando longe, sentir vontade de voar, e estando perto, querer parar o tempo. 

  • Sexo: É quando a gente ama tanto que tem vontade de morar dentro do outro. 

  • Simplicidade: É o comportamento de quem começa a ser sábio. 

  • Sinceridade: É quando nos expressamos como se o outro estivesse do outro lado do espelho. 

  • Solidão: É quando estamos cercado por pessoas, mas o coração não vê ninguém por perto. 

  • Supérfuo: É quando a nossa sede precisa de um gole de água e a gente pede um rio inteiro. 

  • Ternura: É quando alguém nos olha e os olhos brilham como duas estrelas. 

  • Vaidade: É quando a gente abdica da nossa essência por outra, geralmente pior.

25 de maio de 2010

Duda Yankovich e equipe embarcam para a Zâmbia



Duda Yankovich e equipe embarcaram no final da tarde de 25/05/10 no Aeroporto Internacional de Guarulhos - Cumbica - com destino ao Continente Africano, mais precisamente para a Zambia.

Duda enfrentará no sábado, 29/05 a desafiante Esther Phiri na cidade de Lusaka, capital da Zambia, colocando em disputa o seu Título Mundial Superleves WIBA.

Em um clima de muita confiança e descontração, Duda e Equipe atenderam a toda a imprensa e também os fãs que buscavam fotos e autógrafos da Campeã Mundial e também da equipe invicta.

Foto: Josuel Distak, Rubinho Gama, Duda Yankovich e Rogério Camões no saguão do Aeroporto de Cumbica, minutos antes do embarque.

21 de maio de 2010

Antes que elas cresçam




Antes que elas cresçam

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

É que as crianças  crescem. Independentes de nós, como árvores, tagarelas e pássaros estabanados, elas crescem sem pedir licença. Crescem como a inflação, independente do governo e da vontade popular. Entre os estupros dos preços, os disparos dos discursos e o assalto das estações, elas crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogância.

Mas não crescem todos os dias, de igual maneira; crescem, de repente.

Um dia se assentam perto de você no terraço e dizem uma frase de tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.

Onde e como andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê aquele cheirinho de leite sobre a pele? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços, amiguinhos e o primeiro uniforme do maternal?

Ela está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça. Ali estão muitos pais, ao volante, esperando que saiam esfuziantes sobre patins, cabelos soltos sobre as ancas. Essas são as nossas filhas, em pleno cio, lindas potrancas.

Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão elas, com o uniforme de sua geração: incômodas mochilas da moda nos ombros ou, então com a suéter amarrada na cintura. Está quente, a gente diz que vão estragar a suéter, mas não tem jeito, é o emblema da geração.

Pois ali estamos, depois do primeiro e do segundo casamento, com essa barba de jovem executivo ou intelectual em ascensão, as mães, às vezes, já com a primeira plástica e o casamento recomposto. Essas são as filhas que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E elas crescem meio amestradas, vendo como redigimos nossas teses e nos doutoramos nos nossos erros.

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.

Longe já vai o momento em que o primeiro mênstruo foi recebido como um impacto de rosas vermelhas. Não mais as colheremos nas portas das discotecas e festas, quando surgiam entre gírias e canções. Passou o tempo do balé, da cultura francesa e inglesa. Saíram do banco de trás e passaram  para o volante de suas próprias vidas. Só nos resta   dizer “bonne route, bonne route”, como naquela canção francesa narrando a emoção do pai quando a filha oferece o primeiro jantar no apartamento dela.

Deveríamos ter ido mais  vezes à cama delas ao anoitecer para ouvir  sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de colagens, posteres e agendas coloridas de pilô. Não, não as levamos suficientemente ao maldito “drive-in”, ao Tablado para ver “Pluft”, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas merecidas.

Elas cresceram sem que esgotássemos nelas todo o nosso afeto.

No princípio  subiam a serra ou iam à casa de  praia entre embrulhos, comidas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscinas e amiguinhas. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de sorvetes e sanduíches infantis. Depois chegou a idade em que subir para a casa de campo  com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma aqui na praia e os primeiros namorados. Esse exílio  dos pais, esse divórcio dos filhos, vai durar sete anos bíblicos. Agora é hora de os pais na montanha  terem a solidão que queriam, mas, de repente, exalarem contagiosa saudade daquelas pestes.

O jeito é esperar. Qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso, os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável afeição. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto.

Por isso, é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que elas cresçam.


Aprendemos a ser filhos depois que somos pais e aprendemos a ser pais depois que somos avós...